Uma pessoa sentada no chão com um círculo de figurinhas à sua volta é designada como uma "performance": representa a ligação da pessoa adulta à sua infância e, ao mesmo tempo, a solidão da pessoa no mundo adulto. Um monte de lâmpadas de cores diferentes é designado por "instalação" e representa a diversidade racial, sexual, etc no mundo em que vivemos.
Não me interessa discutir o que é realmente arte ou não. Essa discussão é antiga e nunca leva a qualquer conclusão. Mas interessa-me expor aqui o caso de uma certa americana chamada Ann Liv Young, que tive o prazer (mórbido?) de ver trabalhar.
Ann Liv, aqui na sua encarnação do Sherry Show, apresenta-se como uma performer. Alguns diriam uma performer bem americana. No fim dos seus espectáculos, Ann Liv tem uma banca no foyer dos espaços onde vende merchandising dos seus espectáculos. Pode comprar-se tudo, desde roupa interior usada por ela, a sacos do seu sangue ou urina. Como Sherry, Ann Liv pretende ser um espelho das pessoas que a observam. Toda a performance existe a partir da sua interacção com o público. Tem momentos Oprah, em que fala com elementos do público em tom confessional, tem momentos pop, em que canta versões de músicas de Britney Spears ou Kanye West. Em outros espectáculos, Ann Liv apropria-se de histórias infantis ou mitos como a Branca de Neve (Snow White) ou o mito das sereias (The Mermaid Show). O que lhe interessa é a espontaneidade, o agora, o inesperado como revelação do interior de cada um.
E chama-lhe performance.
Sherry and friends
Entrevista com Ann Liv Young